Há cerca de 100 anos foi instituído o Dia Internacional da Mulher como forma de homenageá-la e, de certa maneira, redimir a sociedade machista e opressora que há vários séculos a subestima e trata como objeto.
O que muitas de nós, mulheres, ignoramos é que no início da vida em sociedade, era exatamente a mulher quem a dirigia, além de ter realizado inúmeras descobertas que levaram ao progresso da humanidade.
Existe um mito de que a mulher é socialmente inferior ao homem, porque é naturalmente mais frágil. Como ponto de apoio desta teoria, usam o fato de a mulher ser responsável pela reprodução da espécie. Ora, se é ela quem garante a sobrevivência da espécie, já está claro que de frágil e incapaz, a mulher não tem nada.
Na sociedade primitiva, os filhos sabiam quem eram as suas mães. Os homens, naquela época, tratavam a todas as crianças da mesma forma, não se importando com quem fosse o pai biológico. Todos os homens eram pais de todas as crianças da tribo.
Naquele tempo, quem organizava e dirigia a vida social eram as mulheres que, além de cuidar dos filhos, também satisfaziam as necessidades materiais da comunidade em que viviam. Outro ponto importante é que as mulheres de uma determinada tribo trabalhavam conjuntamente, em regime de cooperação.
A evolução da humanidade deve-se, portanto, à metade feminina que iniciou e conduziu as atividades produtivas que garantiram a elevação do gênero humano. E, enquanto estas mulheres mantiveram suas instituições coletivas, não foram oprimidas.
Na verdade, a opressão começou com o surgimento da sociedade privada, do matrimônio monogâmico (somente para elas, claro) e da família, o que as dispersou e isolou, transformando cada uma em esposa solitária e mãe confinada a um lar isolado.
Atualmente, as mulheres são exploradas e oprimidas em uma sociedade que as trata como objetos e ignora as suas necessidades. Entre os desempregados, o percentual maior é de mulheres; existe desigualdade salarial; a ascensão na carreira é mais difícil para elas; além do assédio moral, da violência doméstica e toda a publicidade que insiste em explorá-la das mais diversas maneiras.
Há uma verdadeira ditadura da moda e beleza que impõe às mulheres o jeito de vestir, pentear, maquiar, para serem socialmente aceitas. O envelhecimento tornou-se quase um crime e grande número delas se submete a cirurgias e tratamentos estéticos para manterem-se jovens e belas.
Além disso, existem as medidas perfeitas para que sejam desejadas pelos homens. Em nenhuma outra espécie animal, as fêmeas se esforçam tanto para agradar aos outros. Pior ainda, as mulheres competem entre si, sem dar-se conta que estão se degradando e aceitando, pacificamente, as regras machistas e capitalistas.
Por outro lado, há todo um discurso sobre a emancipação feminina, que também a subjuga moralmente. Embora as mulheres sejam o arrimo de família de 29% da população brasileira – o que as leva à jornada tripla de trabalho – ela não goza do reconhecimento social que merece.
Por fim, viveremos plenamente a igualdade de gêneros quando:
*não for necessária a criação de cotas para garantir a participação feminina na política ou em cargos de chefia;
*não mais houver promoções do tipo “elas não pagam” ou “elas pagam meia”;
*seus atributos físicos não forem mais usados para vender qualquer produto;
*a mulher não for julgada por sua visão pessoal sobre família, relacionamentos, filhos, trabalho;
*deixarem de ser publicados “manuais” sobre o modo como as mulheres devem comportar-se para conquistar um homem (ou um bom casamento);
*a violência doméstica for eliminada da realidade cotidiana, com penalização para o(s) agressor(es);
*houver creche, em período integral, para todos os trabalhadores e trabalhadoras;
*a licença maternidade, com garantia de emprego, de 6 meses, for obrigatória e sem isenção fiscal;
*nenhuma mulher necessitar reivindicar seus direitos nem fingir que não ouviu as piadas e/ou comentários de mau gosto, reproduzidas pelo machismo de plantão.
Assim, é papel de todas as mulheres lutarem em defesa de direitos e deveres iguais. Somente na luta conquistarão seu espaço!
Que o Dia 8 de março sirva para intensificar a luta contra o machismo e a opressão!
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segunda-feira, 8 de março de 2010
Dia Internacional da Mulher – produto do capitalismo
Eunice Couto
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