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terça-feira, 22 de março de 2011

CPERS NO RUMO CERTO!

Nosso sindicato ajudou a derrotar os planos da Yeda, incluindo a reeleição. Com nossas atividades demonstramos as péssimas condições da escola pública gaúcha e a situação do arrocho salarial dos educadores, professores e funcionários, que intensificam seus esforços para superar as dificuldades e atender bem aos estudantes.

A disposição incansável da direção do sindicato – na defesa intransigente dos direitos de nossa categoria – organizando a mobilização, derrotou os planos do governo anterior e manteve as conquistas históricas da nossa categoria, como nosso plano de carreira. Esta característica precedeu e esteve presente nas reuniões com o governo atual. Nos dois encontros, a direção do sindicato teve a sinalização positiva do governo em vários pontos de nossa pauta. A justeza de nossas reivindicações encontra aceno favorável no inicio de diálogo com o governo estadual.

Visto que nossa campanha salarial iniciou e não realizamos nenhuma grande manifestação – mas temos uma assembleia marcada para dia 08/04 – esse compromisso do governo com nossas reivindicações é fruto do histórico de luta da entidade, acentuado pela atuação da atual direção. Ou seja, se no inicio dos trabalhos já temos alguns avanços na pauta, é porque o governo sabe que poderá enfrentar uma categoria valiosa e combativa, com uma direção a altura de sua força.

A boa expectativa em governos que iniciam é normal, ainda mais com este que se elegeu em primeiro turno e substituiu um governo que foi um desastre para a escola pública. Além do mais, existem as promessas de campanha, que foram muitas. Esta situação cria um sentimento de suspensão temporária de confronto, ou seja, uma trégua momentânea. Porém, não vai impedir, como estamos percebendo, uma assembleia muito representativa dia 08/04, quando iremos decidir sobre os rumos de nossa luta.

Concretamente, até agora, o governo Tarso só beneficiou os empresários: o pacote aprovado na Assembleia Legislativa concedeu isenções fiscais aos sonegadores de plantão. Isso significa abrir mão de receita. Receita esta que cresceu, apesar destas concessões. Outro elemento para conhecer melhor este governo é o fato dos empréstimos que estão sendo buscados. E a conta recairá sobre as costas dos trabalhadores. Portanto, a conclusão inicial possível é que este governo ainda não atendeu ao funcionalismo e, neste sentido, deve melhorar sua proposta inicial para os educadores, deixando de governar para os empresários.

Mas, se hoje já podemos discutir sobre algum avanço nas nossas reivindicações, isso se deve ao fato de o governador saber que, apesar de a direção do sindicato ser composta, também, por companheiros de partido, ele deverá cumprir com suas promessas, pois a cobrança será forte, uma vez que está expressa a força da categoria na composição da atual direção do CPERS.

Este cenário poderia ser outro se, por acaso, tivéssemos à frente do sindicato companheiros de partido comprometidos com seu governo, como é o caso da corrente da Juçara Dutra. Com companheiros alinhados, com seu projeto, na direção da entidade, o governador teria a cobrança de suas promessas com prazos mais dilatados, se é que haveria tal cobrança.

Assim, o debate nas escolas sobre as propostas do governo é decorrente deste cenário: de um lado um governo que não quer se enfrentar com uma categoria lutadora; de outro, a confiança desta categoria na sua direção, pois sabe que a direção atual não vai diminuir um milímetro na defesa e avanço dos interesses dos trabalhadores em educação.
Por Manoel Fernandes,
Diretor do 22º núcleo do CPERS/Gravataí

sábado, 12 de março de 2011

The Economist diz que “próxima batalha” é contra funcionários públicos e seus sindicatos

5 de março de 2011
Por Marco Aurélio Weissheimer.
Bernard Cassen – Le Monde Diplomatique
A revista The Economist é o lugar onde são expostas com maior radicalismo – e também com talento – as teses ultraneoliberais. É conhecida a grande influência que este semanário britânico exerce sobre as autoridades políticas, influência esta que vai muito além do mundo anglosaxão. O que The Economist preconiza transmite-se frequentemente para as políticas dos governos, em primeiro lugar na Europa. Por isso, é preciso levar muito a sério a capa da edição de 8 de janeiro passado e o conteúdo do informe especial: “A próxima batalha. Rumo ao confronto com os sindicatos do setor público”.
A tese da revista é de uma simplicidade evangélica e pode ser resumida em três pontos: a) todos os Estados europeus enfrentam déficits públicos abismais; b) para reduzir o gasto público, é preciso reduzir os efetivos, os salários e os sistemas de pensões dos funcionários; c) os governos ganharão com maior facilidade a opinião pública incentivando a denúncia dos “privilégios” (em especial a estabilidade no trabalho) dos “acomodados” do setor público, que supostamente vivem a custa do conjunto dos contribuintes.
Em nenhum momento o informe recorda que os déficits públicos são em grande parte consequência das ajudas colossais aos bancos e outros responsáveis pela crise atual. Tampouco que estes déficits aumentaram devido aos presentes sob a forma de isenções fiscais outorgadas aos ricos. Nem sequer se deixa claro que, em troca de seu salário, os funcionários prestam serviços indispensáveis para o bom funcionamento da sociedade. Em particular os professores, atacados muito especialmente neste informe. O jornalista que escreveu um dos artigos deve estar muito desinformado sobre as reais condições de trabalho dos professores para ter coragem de escrever que “65 anos deveria ser a idade mínima para que essa gente que passa a vida em uma sala de aula se aposente”.
The Economist festeja que vários governos europeus – dois deles dirigidos por “socialistas”, Grécia e Espanha – tenham rebaixado os salários de seus funcionários e que, em toda a União Europeia haja “reformas” – seria mais justo falar de contrarreformas dos sistemas de pensões já realizadas ou em vias de realização.
Por ideologia, os liberais são hostis aos funcionários e demais assalariados do setor público. Em primeiro lugar porque privam o setor privado de novos espaços de lucro. Em segundo porque, protegidos por seu estatuto, podem ser socialmente mais combativos que seus companheiros do setor privado, até o ponto de que, às vezes, fazem greves “por delegação” e representam os trabalhadores do setor privado que não podem fazê-las. Esta solidariedade é a que os governos querem destruir a todo custo para reduzir a capacidade de resistência das populações contra os planos de ajuste e de austeridade implementados em toda a Europa. Os déficits públicos constituem assim um pretexto inesperado para modificar as relações sociais conflitivas em detrimento do mundo do trabalho.
Defender os serviços públicos é defender o único patrimônio do qual dispõem as categorias mais pobres da população. A aposta na caça aos funcionários públicos e a seus sindicatos proposta por The Economist não é apenas financeira. É política ou ideológica.
Postado em: Bernard Cassen.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Brasil investe 71% menos no fundamental que país rico

Gasto é de R$ 2.659 por aluno; comparação está em relatório da Unesco. Órgão da ONU para a educação leva em conta dados de 2007, quando valor investido foi 102% maior do que em 2000

ANGELA PINHO, DE BRASÍLIA

Embora venha aumentando o investimento, o Brasil ainda gasta pouco em educação se comparado a países desenvolvidos. Relatório divulgado ontem pela Unesco (braço da ONU para educação) mostra que o Estado brasileiro investe US$ 1.598 (R$ 2.659) por ano em cada estudante dos quatro primeiros anos do ensino fundamental. É menos de um terço (28,76%) dos US$ 5.557 (R$ 9.246) investidos por países desenvolvidos. Os dados são de 2007, e a comparação considera o poder de compra das moedas. Em reais, números do Inep (instituto ligado ao Ministério da Educação) mostram que o investimento público por aluno nessa etapa de ensino foi de R$ 2.761 em 2008. Apesar de baixo se comparado ao mundo desenvolvido, o valor cresceu nos últimos anos e está 102% maior do que em 2000. Em números gerais, o Brasil gasta um montante similar aos países ricos em educação: 5,3% do PIB (Produto Interno Bruto), de acordo com o relatório. Mas, como muitas vezes tem o PIB menor ou mais estudantes, o gasto por aluno acaba ficando pequeno.

88º - O documento mostra também que o Brasil continua no 88º lugar no ranking de desenvolvimento educacional, atrás de países mais pobres, como Bolívia e Equador. Nas primeiras colocações, estão Japão, Reino Unido e Noruega. A lista leva em conta quatro pontos: matrículas no ensino primário, taxa de analfabetismo, igualdade de gênero na educação e percentual de alunos que chegam ao 5º ano (no caso do Brasil, foi considerado o quarto ano). Caso só os três primeiros fossem considerados, o país estaria na lista de alto desenvolvimento educacional, mas cai posições devido ao último O relatório não diz qual é o percentual de alunos que chegam ao 5º ano. Cita que o índice é o mesmo do documento de 2010 (0,756), que correspondia a 75,6%. O dado, porém, se referia a 2004. NÚMEROS DEFASADOS - O ministro Fernando Haddad (Educação) disse que irá estudar o documento da Unesco, mas afirmou que é preciso fazer a ressalva de que relatórios internacionais muitas vezes utilizam dados defasados.


Folha de São Paulo, 02/03/2011 - São Paulo SP

Sudeste é mais pessimista com o ensino público

O Estado de São Paulo, 01/03/2011 - São Paulo SP

Entre os moradores da região mais rica do País, 36% dizem que a educação pública piorou, aponta pesquisa do Ipea
Luciana Alvarez

Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre a percepção da sociedade em relação à educação, divulgada nesta segunda-feira, mostra que os moradores do Sudeste têm a visão mais pessimista em relação à evolução do ensino público. Na região, 36,1% disseram que a educação piorou – em nenhuma das demais regiões o índice chegou aos 20%. O Sudeste também apresentou o mais baixo índice dos que acreditam que a educação melhorou: 40%. No Centro-Oeste, com a maior taxa, 62,9% disseram que o ensino está melhor. Segundo Paulo Corbucci, pesquisador do Ipea que coordena a área de educação, as diferentes percepções regionais “fazem sentido” por causa da situação desigual do ensino no País. “Nas regiões onde as condições eram piores, as melhorias são mais sentidas”, explica Corbucci. “Há 15 anos, por exemplo, você tinha um problema grave de acesso à escola, em especial no Nordeste. Hoje houve uma aproximação dos patamares das Regiões Sul e Sudeste.” No estudo, quanto maior o nível de instrução e renda dos entrevistados, maior foi a porcentagem de respostas negativas. Dos pesquisados com curso superior completo, 35,4% afirmaram que a educação havia piorado, contra somente 21,4% daqueles com escolaridade da 5.ª à 8.ª série.

Dos que ganham de 10 a 20 salários mínimos, 34,2% consideram que o ensino está pior; dos que têm renda de até dois salários mínimos, a porcentagem foi de 19,3%. ProUni. O Programa Universidade para Todos (ProUni) foi o que apresentou a maior visibilidade, com 61% dos entrevistados afirmando conhecê-lo – sendo que 80% disseram não ser bolsistas do programa nem ter amigos ou parentes que sejam. “O ProUni está muito na mídia, sobretudo na televisão. Além disso, é algo relativamente novo. O programa de merenda escolar beneficia um número muito maior – cerca de 30 milhões –, mas existe há décadas, é visto como parte da escola”, afirma Corbucci. A pesquisa, com 2.773 pessoas, foi feita entre 3 e 19 de novembro de 2010.