Concedida ontem pela Justiça, a liminar que suspende as aulas da rede estadual de seis municípios da Região Sul confronta a posição sustentada pela Secretaria Estadual de Saúde, de que o número de gaúchos infectados pela gripe A tem diminuído. A nova determinação atinge Pelotas, Arroio do Padre, Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Piratini e eleva para pelo menos 200 mil a quantidade de alunos sem aula na região.
Nos seis municípios, as aulas da rede estadual serão retomadas somente em 1º de setembro. Em outras três cidades – Canguçu, Santa Vitória do Palmar e Chuí –, a Justiça já havia determinado a suspensão.
A interferência judicial no caso – solicitada por 23 prefeitos da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) – causa polêmica. Temendo a disseminação do vírus, os prefeitos decidiram, por unanimidade, não retornar às aulas da rede municipal na segunda-feira. Para eles, a medida é uma ação preventiva.
Prefeitos suspenderam transporte escolar
Sem o apoio da rede estadual, a Azonasul suspendeu o fornecimento do transporte escolar durante o recesso municipal.
– Nossos hospitais apresentam superlotação. Podemos perder vidas – disse o presidente da Azonasul, José Sidney Nunes de Almeida.
A decisão é baseada em um estudo feito pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O documento mostra que, em Pelotas, o pico de casos da nova gripe teve início no último domingo e se estende até o dia 29 de agosto. O município tem 36 pessoas internadas com suspeita da nova gripe – seis delas são crianças – e oito mortes sem confirmação de causa.
Segundo a professora Anaclaudia Fassa, do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel, as projeções estão fundamentadas no comportamento do vírus em duas cidades da Serra, onde o pico da contaminação já teria sido alcançado: Caxias do Sul e Bento Gonçalves. Pela comparação, foi possível perceber que, em Pelotas, os casos de gripe A tiveram início cinco semanas após Caxias e uma semana após Bento.
O secretário estadual de Saúde, Osmar Terra, disse ontem, por meio de um assessor, que respeitará a decisão, mas não concorda com a atitude. Ele contesta o estudo da UFPel e afirma que não há motivo para prolongar as férias.
Sâmia Frantz, de Zero Hora
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