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quinta-feira, 25 de junho de 2009

Carta de uma Professora do RS aos Deputados Estaduais

Prezados deputados
Como o atual governo estadual e a Secretaria Estadual de Educação estão propondo uma reformulação do Plano de Carreira do Magistério e temos percebido a divulgação na mídia de que existe uma “grande aceitação” entre professores e funcionários da proposta apresentada, acreditamos que existe um equívoco quanto a esta afirmativa, já que não está ocorrendo uma discussão democrática do tema proposto. A discussão pode até estar sendo ampla com outros segmentos da sociedade gaúcha, mas não com o magistério. A maioria dos colegas do magistério estadual tem recebido informações parciais e desencontradas do que será feito, caso a proposta de reformulação do plano de carreira seja aprovada. Nossas dúvidas não são esclarecidas e quando são respondidas é como uma “sentença final”.
A indignação com o descaso e a imposição do governo é enorme, por isso buscamos o bom senso e coerência daqueles que representam o povo riograndense. A própria secretária da Educação, Mariza Abreu, em uma palestra para as direções das escolas em uma das coordenadorias, ironizou: “as colegas que quiserem ganhar um salário melhor, que vão então fazer um concurso federal”, como ela mesma fez. Colocações infelizes como essas causam revoltas e mobilizam para uma luta pela valorização e melhoria do plano de carreira do magistério estadual existente, apesar das ameaças de corte de ponto e de recuperação das aulas gastas nesta discussão.
Ora, quando é que professor não recupera dias parados (desde tempos remotos)? Aliás, é dos poucos trabalhadores públicos que o faz. E quando faz, ainda não recebe, como foi o caso da última greve do magistério estadual, que tempos depois, a maioria dos senhores (e lembramos bem quem) não aprovou o abono das faltas, como desejava o governo.
Representar o governo é fácil (e como nós somos parte do “povo” e também formadores de opinião), por isso esperamos que demonstrem a coragem do povo gaúcho, defendendo estes que não estão no poder, mas permanecerão por muitos anos como parte do governo, já que a maioria é concursado e comprometido com sua profissão. Quem não tem amor à profissão do magistério, há muito já poderia assumir um emprego de diarista ou faxineira, para receber o mínimo regional de 511 Reais, valor maior do que nosso básico e que se aproxima muito do que recebe líquido um professor estadual, com 20 horas e Nível 6 (PÓS-GRADUAÇÃO).
Pela nova proposta de Plano de Carreira, todas nossas vantagens adquiridas ao longo dos anos, mérito de professores que paralisaram, lutaram e conquistaram vitórias após muitas greves, tais como difícil acesso, gratificações, triênios, unidocência, licença prêmio, deixarão de existir e são mencionadas pela secretária de Educação, em DVD institucional enviado a todas as escolas, como “penduricalhos”. Se não fossem tais penduricalhos, provavelmente, hoje não haveria a menor possibilidade dos professores manterem um padrão mínimo de dignidade, isto é, não teriam condições de sobreviver.
Muitas são as mudanças propostas e algumas de grande repercussão na vida profissional e pessoal dos professores, por isso não podem ocorrer sem uma discussão e aprovação por parte do magistério estadual. Queremos acreditar que o Legislativo gaúcho não tomará nenhuma posição sem consultar os maiores interessados num bom futuro para nosso estado, incluindo o de nossos descendentes (inclusive dos senhores, a não ser que pretendam viver em outro lugar).
Nós, professores, honramos nossa tarefa de educadores, embora hoje o contexto social esteja totalmente mudado, exigindo novas habilidades e tornando-se cada vez mais desgastante, e desejamos sinceramente uma educação pública de qualidade para todos os gaúchos.
E vocês, senhores deputados, podem honrar (independente de assinatura em papel, acordos políticos ou qualquer outra formalidade parlamentar) sua palavra e sua consciência? Esperamos que sim.
Professora Andréia Barreto do Nascimento
São Sepé

Um comentário:

Unknown disse...

Concordo com minha colega, e espero que os deputados gaúchos que
queiram se reeleger não votem tamanho asburdo de plano sem discutir conosco.Precisamos ter voz e vez, chega de engulir tudo o que esse governo" quer de bom para o rio grande".Esse plano é a salvação do empréstimo com o banco mundial? Sem a aprovação o resto do dinheiro não vem?Chega de maracutaia. Marlene E. Dockhorn-28 anos de magistério.